terça-feira, 15 de setembro de 2015

Ruinas romanas de Conimbriga

E museu monográfico
As ruínas de Conímbriga, situadas perto de Condeixa, são um dos maiores legados que os romanos deixaram em Portugal.


Conímbriga era uma cidade próspera e, embora não seja a maior cidade romana em Portugal, é a mais bem preservada.


Casa dos Repuxos
Casas de luxo, como esta grande residência aristocrática, casas de banho, um anfiteatro, fórum, lojas, jardins, termas  e tantas outras coisas que foram postas  a descoberto pelas  escavações, há muito iniciadas e ainda não terminadas.


Fórum
O edifício central da praça do fórum, centro da cidade romana, era um imponente  santuário dedicado ao culto do imperador divinizado,


Resto da estrada romana que, vinda de Olisipo  (Lisboa), passava por Conímbriga e se dirigia a Bracara Augusta (Braga).




Fragmento de mosaico  descoberto em 1899.  A decoração policromática  representa motivo geométrico.





Casa de Cantaber, uma das maiores casas do império romano ocidental.









domingo, 24 de maio de 2015

Mouraria, Berço do Fado

De bairro da fadista Severa a bairro de etnias


A Severa, mítica fundadora do Fado, encantou, com sua voz, os frequentadores de tabernas da Mouraria, Bairro Alto e Alfama; da praça de touros de Santana e de salões da nobreza. A sua relação amorosa com  o Conde de Vimioso - Conde de Marialva na ficção novelesca de Júlio Dantas -  escandalizou setores conservadores da sociedade e deu-lhe fama.

"Foram dar com ela descansadamente no poial da porta, a cantar o fado, de guitarra nas unhas. Mas tão milagrosamente, com tanto coração em cada nota, numa voz tão molhada de lágrimas e cortada de soluços, que a guarda, suspensa, ficou a ouvi-la, sem lhe tocar, abrindo um círculo em volta dela, numa imobilidade absoluta e num silêncio pasmado".


A Rua do Capelão já existia no século XVI. O nome advém de "um oratório armado numa parede, com frente à rua, e que merecia a maior devoção aos habitantes do sítio; às tardes, a população reunia-se, e rezava em conjunto deante da imagem".

O Fado e a Rua do  Capelão
A ligação da rua ao Fado prende-se com o fato da Severa ter vivido e morrido nela. Fernando Maurício, outro conhecido fadista, também foi morador na rua. Amália Rodrigues, a maior fadista de todos os tempos, imortalizou  a artéria com o fado:

Ó rua do Capelão
Juncada de rosmaninho
Se o meu amor vier cedinho
Eu beijo as pedras do chão
Que ele pisar no caminho.

Tenho o destino marcado
Desde a hora em que te vi
Ó meu cigano adorado
Viver abraçada ao fado
Morrer abraçada a ti.


Alguém sabe quem foi Carmona Rodrigues, presidente da CML?  Mas o nome dele, sem relação relevante com o fado, consta - para quê - no monumento ao "Fado, património imaterial da humanidade".


A Severa, fadista e prostituta, viveu  e morreu no prédio à direita, atual nº 36 da Rua do Capelão.


"Nesta casa viveu Maria Severa  Onofriana considerada na época a expressão sublime do Fado. Faleceu em 30-11-1846 com 26 anos de idade". Homenagem da CML


Largo da Severa
A figura da fadista, morta devido a uma infeção de tuberculose, foi romanceada por Júlio Dantas na novela "A Severa", obra adaptada a peça de teatro em 1901. Amália Rodrigues, no papel de Severa, em 1955, numa reposição de um filme de Leitão de Barros, popularizou-a.


A Mouraria mantém vivas as suas antigas tradições populares, graças à existência de várias casas de fado, bares, tabernas e coletividades desportivas e culturais.


Restaurante Zé da Mouraria - Goza da fama de servir boa comida tradicional portuguesa.
 
Ai Mouraria
da velha Rua da Palma,
onde eu um dia
deixei presa a minha alma,
por ter passado
mesmo a meu lado
certo fadista
de cor morena,
boca pequena
e olhar trocista.
Ai Mouraria
do homem do meu encanto
que me mentia,
mas que eu adorava tanto.
Amor que o vento,
como um lamento,
levou consigo,
mais que inda agora
a toda a hora
trago comigo.
Ai Mouraria
dos rouxinóis nos beirais,
dos vestidos cor-de-rosa,
dos pregões tradicionais.
Ai Mouraria
das procissões a passar,
da Severa em voz saudosa,
da guitarra a soluçar.

Amália Rodrigues


O nome do bairro, Mouraria, advém de ser habitado por mouros muçulmanos que permaneceram em Lisboa após a Reconquista Cristã da cidade.


Barbearia de imigrante decorada com divindades do hinduísmo.


Rua da Mouraria e, ao lado esquerdo,  o Centro Comercial.

Estabelecimento comercial chinês na Calçada da Mouraria.

Chineses, paquistaneses, indianos, imigrantes do Bangladesh e negros das ex-colónias portuguesas são os habitantes que hoje povoam a Mouraria, dando-lhe um colorido étnico e cultural próprios, com sabores e aromas diferentes.


Portal manuelino na Rua da Mouraria


Desde a Reconquista de Lisboa  até à construção da Muralha Fernandina, em 1373, a Mouraria, ficou num arrabalde  da Cerca Moura.  A partir do século XIV, é que ficou dentro da muralha que desce do castelo de São Jorge ao Martim Moniz.


Escadinhas da Saúde - Partem do Largo do Martim Moniz,  junto à igreja,  para o castelo. e a Graça.

Esta foi a Mouraria que descobri no dia Primeiro de Maio de 2015. Voltarei. Lisboa está uma cidade encantadora.